sábado, 12 de outubro de 2013

Resenha do livro "Ponto eletrônico", de Flávio Prado

PRADO, Flávio. Ponto eletrônico: Dicas para fazer telejornalismo com qualidade. São Paulo, Editora Lumiar, 1996.

Flavio Prado é jornalista desde 1974, tendo iniciado a carreira na TV Gazeta, com passagens pelas TVs Record, Bandeirantes e Cultura. Está de volta à TV Gazeta desde 2003. É apresentador do programa Mesa Redonda e Comentarista do programa Gazeta Esportiva e da Rádio Jovem Pan.

O livro “Ponto Eletrônico”, publicado pela editora Limiar, é direcionado para estudantes, recém-formados e jornalistas em início em TV. O livro traz, numa linguagem de fácil compreensão, conhecimentos específicos das práticas jornalísticas com dicas voltadas para o telejornalismo de qualidade.

Na apresentação Armando Nogueira relembra a situação do jornalista de televisão, de outras épocas, dizendo que o mesmo era considerado um tipo marginal do jornalismo, isto porque “trocar a redação do jornal pelos bastidores da TV, estava simplesmente, mudando de ramo”. Mas nos dias de hoje, o telejornalismo é um dos campos mais disputados co mercado da comunicação, pois quem sai da faculdade pode decidir sem constrangimento, se vai ser repórter de jornal, rádio ou televisão.

Flávio Prado inicia com uma breve contextualizando da história da TV, apresentando as primeiras experiências, desde a do Barão de Berzeleus, na Suécia em 1817, até a novidade chegar ao Brasil, em 1817. Prado afirma menciona a diferença de perfil das programações e produções, afirmando que “enquanto na Europa havia subsídios governamentais e utilizava-se a televisão com finalidade educativa, nos EUA ela já nasceu como negócio”. E esta foi uma das consequências de os americanos passassem a exportar técnicas e equipamentos quem se interessasse pelo assunto.

É relevante ressaltar que o Brasil foi um dos primeiros países a apostar nessa inovação. O empresário Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira Melo, era dono dos Diários Associados, cadeia nacional de jornais e emissoras de rádio. Em 1949 resolveu ter uma TV, pois via-a como mais uma fonte lucro e de ampliação de seu poder. A primeira transmissão foi restrita a São Paulo e contou com o auxilio do chamado “jeitinho brasileiro”, com “o contrabando de 200 aparelhos, poucos dias antes”. Essa primeira experiência deixou claro que os brasileiros possuíam talento para lidar com a novidade.

A partir de Chateaubriand, outros empresários seguiram a ideia novas emissoras foram surgindo. Em 1952 Vitor Costa abre a TV Paulista, canal 5. Em 1953 Paulo Machado de Carvalho, abre a TV Record de São Paulo e dois anos depois a Record do Rio de Janeiro, que em 1953 saiu do eixo Rio-São Paulo com a TV Itacolomy, de Belo Horizonte. A TV Excelsior surge no mesmo ano.

Depois do golpe de 1964 surgiu a TV Bandeirantes/SP, em 1967 e em 1965. No Rio nasce a TV Globo, que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, na administração de marketing e na produção, e Armando Nogueira no setor jornalístico. Em 1967 a Globo comprou a TV Paulista, e emissoras em todas as regiões.

Criou uma linguagem única, o padrão global que viria com tecnologia de ponta para a época, e assim revolucionou os conceitos existentes. “Tudo isso só foi possível graças a um acordo com a empresa norte-americana Time-Life, que facilitou o investimento em novos equipamentos importados dos Estados Unidos”. A partir dos anos 70, os telejornais da Globo tornaram-se modelo para outras emissoras.

Sobre a preparação e retaguarda do telejornalismo, Prado diz que “o responsável pelo setor de economia expõe o que será vinculado” a partir do tamanho do jornal e das condições da emissora. Apresenta e explica alguns termos no inicio dessa preparação, como o pré-espelho, espelho, pauta e rádio-escuta.

O primeiro é o esboço de como será o programa. Depois o pauteiro faz a checagem dos fatos e das condições dos equipamentos. O espelho é o projeto do que irá ao ar. Nele se define os assuntos prioritários, a ordem das matérias, o tempo, onde encaixar os comerciais e até a qual matéria cada profissional se dedicará.

A pauta é a orientação transmitida aos repórteres pelo profissional responsável por pensar de que forma a matéria será abordada no programa. Contém objetivo, enfoque que deve ser dado, informações sobre o assunto e o encaminhamento a ser seguido pela equipe. São chamados rádio-escuta, os que passam relatórios à chefia de reportagem e aos editores-chefes, enfatizando sempre os pontos mais importantes.

Sobre a reportagem e a entrevista, o autor diz que o repórter é a célula básica de todos os veículos de comunicação, pois é ele que testemunha os fatos e os conta para os telespectadores, por isso é necessário que ele tenha muitos cuidados, uma vez que um erro de interpretação pode gerar transtornos irreversíveis.

E ai entra a necessidade das técnicas de reportagem que tem como intuito, informar de forma correta e rápida. Prado vai explicando passo-a-passo cada termo técnico, como OFF, passagem, encerramento, entrevista, entrevista coletiva, posição, cena de corte, contraplano, notas cobertas, material de arquivo, imagens internacionais, release eletrônico, equipe de ENG, e lapadas.

Sobre a edição Flávio explica que esse é o trabalho de transformar o material bruto capitado pelo repórter e pela equipe de ENG, em produto final que irá ao ar. Os responsáveis são os editores de texto, acompanhados pelos editores de imagens ou operadores de VT.

Ele fala dos equipamentos de edição, do ambiente técnico, dos cuidados a serem tomados. Fala também do processo de ducupagem, montagem, sonora, cobertura da matéria, alternativa de cena de corte, som ambiente, sobe-som e musicas, da correção dos erros e da responsabilidade do editor.

Na parte da edição e pós-produção digital o autor contextualiza a revolução dos processos de edição e diz que nos EUA, o Federal Comunications Comissin estabeleceu o prazo até 2006 para a implantação definitiva do DTV e que no Brasil, o SBT e a Rede Globo já estão com o sistema misto, analógico e digital. As televisões digitais tendem a mudar completamente a relação do telespectador com o veículo, em razão de uma maior interação entre eles.

Sobre o texto de televisão é enfatizada a necessidade de clareza, num texto ritmado, com frases curtas e fortes. São elencados vários exemplos de expressões a serem evitadas, além de dicas de cuidados com adjetivos, suíte, artigos, citações etc. Prado explica como preencher as laudas enumerando as técnicas de preenchimento, mostrando a imagem de laudas para uma melhor compreensão.

Ele aponta ainda os complementos relativos à edição das matérias e necessários para que o telejornal vá ao ar, como chamadas, escalada, teaser, passagem de bloco e encerramento. Prado retrata o dia-a-dia do jornalismo esportivo, dizendo que “o cronista esportivo não pode conhecer apenas o assunto de sua especialidade”, pois estar bem informado é sua obrigação. Aponta os cuidados na transmissões  esportivas e explica sobre as grandes coberturas.

Conclui com os cuidados profissionais, afirmando que “o bom profissional precisa toma vários cuidados no seu cotidiano e mesmo ainda no dia da transmissão”. O autor dá dicas para os narradores, para os repórteres, e para os comentaristas e acrescenta que mais importante do que todas as dicas dadas, é a ética profissional, que deve existir não apenas em representações momentâneas e que nada deve ser usado em proveito próprio.

O livro é assume grande importância para os estudantes, os recém-formados e os jornalistas principiantes, pois contem dicas das práticas a serem seguidas no mercado, a fim dar respaldo técnico para a prática do telejornalismo com qualidade. A linguagem utilizada é de fácil compreensão, o que torna a leitura e agradável. As imagens junto ao texto, auxiliam o entendimento sobre os termos técnicos sobre como executa-los. 

Evanilde Miranda


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